A psicologia dos Orixás, arquétipos e estereótipos da personalidade humana - III
Oxossi
Atributos:
esbelto, ágil, fino, perspicaz, é o “caçador de almas”, o conselheiro.
Curiosidade, acuidade psíquica, observador de grande penetração. Corresponde à
nossa necessidade de saúde, nutrição, energia vital e equilíbrio fisiológico,
num trabalho constante de crescimento e renovação. Fartura, riqueza, liberdade
de expressão são seus pontos marcantes.
Tipos
psicológicos dos filhos de Oxossi: são honestos, desinteressados,
altruístas e espontâneos. Tem uma grande inconveniência: são inconstantes,
entediam-se e não persistem, desistindo muitas vezes de seus projetos no meio
do caminho. São graciosos, inteligentes e têm curiosidade e senso de observação
de grande penetração: simbolicamente, é o caçador solitário que entra na mata.
Apresentam um comportamento metódico e são propensos à magia cerimonial. Gostam
de ficar sós, são discretos e fiéis, e aparentemente reservados e tímidos.
Apresentam uma propensão natural para desbravar o desconhecido; por isso são
pioneiros em novos projetos e métodos de trabalho. De grande sensibilidade,
possuem qualidades artísticas. Por sua estrutura psíquica emotiva, com certa
frequência precisam se isolar para refazer as energias. Não raramente costumam
mudar de atividades, pois estão sempre em busca de algo novo que os motive.
Mentalmente atilados e de grande capacidade criativa, têm facilidade de
expressão artística, pela oralidade, pela escrita ou pela pintura. São sábios,
mestres e professores, profundamente didáticos, gostam de ensinar, alimentando
seus filhos no conhecimento que fortifica a fé raciocinada e vivida na Umbanda.
Aspectos
positivos: rapidez de raciocínio, boa oralidade e comunicação;
são extrovertidos, generosos, hospitaleiros e amigos. Vivem com dinamismo e
otimismo, e são ligados a todos os tipos de artes. São amáveis com os amigos e
sinceros no desejo de ajudar os outros. Têm facilidade para ganhar dinheiro.
Aspectos
negativos: vivem de ilusões, por isso podem vacilar no que desejam
realizar. Por vezes, demonstram uma “vontade de nada fazer”, que pode ter a
conotação de preguiça. Gastam todo o dinheiro que ganham, levando, em
determinadas ocasiões, à falta de alimento e ao desperdício. Podem se tornar
agressivos e com dificuldade de se comunicar.
Saúde:
distúrbios emocionais, transtornos neuroquímicos ligados às glândulas
suprarrenais e pâncreas, fobias, crise de identidade, apatia e processos
esquizofrênicos, câncer no sistema digestivo, hepático e urinário.
Na
Umbanda, de um modo geral, sincretizou-se com o Orixá Ossaim quanto aos
aspectos tradicionais da medicina fitoterápica e tudo o que se relaciona à
magia das folhas e das matas. Originalmente, na África, era o caçador, um
guerreiro valente; não por acaso rege a linha dos caboclos que “caçam” os
espíritos perdidos, buscando resgatá-los e trazê-los para a luz.
Elemento:
terra.
Mineral:
lápis-lazúli.
Metal:
cobre.
Signo
regente: touro e libra.
Planeta:
Vênus.
Ervas:
arruda, guiné.
Flor:
palma.
Chacra:
esplênico.
Cristal:
quartzo verde, amazonita, jade verde, turmalina verde, peridoto e âmbar.
Saudação: Okê
arô! O rei que fala mais alto, o Grande Caçador.
Nanã
Atributo:
previdência, austeridade, organização, método, calma e misericórdia.
Nanã é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra. É a soberana
de todas as águas; é também a lama, a terra em contato com a água; é o pântano,
o lodo, sua principal morada e regência. Ela é a chuva, a tempestade, a garoa.
Nanã é a mãe, boa, querida, carinhosa, compreensível e sensível; a senhora da
passagem desta vida para a outra, comandando o portal mágico, a passagem das
dimensões.
Este
Orixá relembra a nossa ancestralidade mística, o momento em que fomos criados
espírito. A água foi necessária na Terra para a geração da vida, tendo o barro
ou a lama um simbolismo correspondente ao momento em que fomos “feitos” pelo
Pai. Assim, Nanã é considerada a Grande Mãe. Ela reconduz os espíritos
desencarnados ao mundo espiritual, aconchegando-os em seus braços.
Os
tipos psicológicos dos filhos de Nanã não perdoam mentiras,
traições e desonestidades. São austeras quanto ao comportamento moral,
referente às condutas condizentes com o bom caráter. São tímidos e ao mesmo
tempo serenos e tolerantes. Por vezes, são severos nos seus valores e crenças,
rígidos na educação da família. Não raro, são rabugentos, o que os fazem ser
temidos. Geralmente não são sensuais e não se ligam às questões da sexualidade.
Outras vezes, por medo de serem amados e virem a sofrer, se dedicam com afinco
à profissão, sendo dispostos à ascensão social.
Quanto
à calma e à lentidão que lhes são peculiares, nos momentos das decisões, acabam
gerando conflitos com pessoas ativas e dinâmicas. Em equilíbrio, são pessoas
bondosas, simpáticas, bonachonas e dignas de confiança.
Aspectos
positivos: sensatez, prudência, tenacidade, perseverança, ordem,
objetividade, paciência, respeitabilidade, calma. Sem pressa para realização, o
tempo não os aflige. São benevolentes, gentis e mansos, como se fossem bons e
amorosos avós.
Aspectos
negativos: intolerantes, ranzinzas, rabugentos, mal-humorados,
conservadoristas extremados, preguiçosos, avarentos, indiferentes, estúpidos.
Demorados, teimosos e implicantes, adiam as decisões e podem ser vingativos.
Saúde:
apresentam lentidão nas reações motoras e mentais, e são propensos a:
retenção de líquidos, problemas renais, artrites e reumatismos, sensibilidade
para doenças de pele.
No
tocante à reencarnação, “abraça” o espírito numa irradiação de paz, diluindo
excessos energéticos fazendo sua consciência adormecer suavemente, de modo a
perder a memória e ingressar na nova vida sem lembrar-se das anteriores. Quanto
à desencarnação, pode ser chamada de Senhora da Boa Morte, pois aqueles que
tiverem merecimento de serem objetos de seu raio divino de ação adormecem
suavemente e são conduzidos por um tipo de “sucção” magnética, conduzindo o
espírito delicadamente na travessia para um outro plano de vida, a dimensão
astral. Nanã é a maturidade da consciência, a sabedoria que o tempo propicia a
todos como fiel e incansável mestre.
Elemento:
terra.
Mineral: ouro
branco e ametista.
Metal:
chumbo.
Planeta: Lua,
que é o regente de câncer – ligação com as águas; junção da água das
chuvas e do solo barrento e pantanoso, demonstrando que é preciso trabalhar o
passado, libertando e deixando ir embora o que não serve mais.
Signo
regente: escorpião, que é regido por Plutão – ligação com as águas
paradas e profundas (o mangue), refletindo a expressão “eu calo” do escorpiano,
que observa e é profundo no sentir os ambientes e a psiquê humana; possuem a
capacidade de vivenciar a dor e o sofrimento, e a renascer mais forte, com
maior capacidade de domínio sobre as próprias emoções.
Flores: de
cor roxa.
Chacra:
básico.
Cristal:
ametista, tanzanita e cacoxenita.
Saudação:
Saluba Nanã! Nos refugiaremos da morte com Nanã.
Omulu
Atributos:
Orixá da transformação, agente cármico a que todos os seres vivos estão
subordinados, rege a “reconstrução de corpos”, nos quais os espíritos irão
reencarnar, pois todos nós temos o corpo físico de acordo com nossa necessidade
de reajustamento evolutivo. Assim, todas as doenças físicas às quais estamos
sujeitos são necessárias ao fortalecimento de nossos espíritos. Omulu não causa
doença; ao contrário, ele a leva embora, a “devolve” para a terra. Corresponde
à nossa necessidade de compreensão do carma, da regeneração, da evolução, de
transformações e transmutações existenciais. Representa o desconhecido e a
morte, a terra para onde voltam todos os corpos, e que não guarda apenas os
componentes vitais, mas também o segredo do ciclo de nascimento e desencarne.
É
o Orixá da misericórdia; está presente nos leitos dos hospitais e nos
ambulatórios, e, à sua invocação, nos momentos dolorosos das enfermidades, pode
significar a cura, o alívio e a recuperação da saúde, de acordo com o
merecimento e em conformidade com a Lei Divina.
Tipos
psicológicos dos filhos de Omulu: são atarracados, lentos.
Frequentemente são desajeitados no trato social e nas relações interpessoais.
Pouco espontâneos, sisudos e desconfiados, adaptam-se a situações estáveis e
são fieis às causas que abraçam. podem ser fechados, amuados, sem jeito no
trato social e apagados na conquista amorosa, tendendo ao pessimismo, com
ideias auto destrutivas que os prejudicam no dia a dia. São um tanto solitários
e melancólicos, podendo ser amargos com as pessoas. Em contrapartida, para
auxiliar alguém doente, são determinados, resistentes e capazes de enormes
esforços. Podem reprimir suas ambições pessoais, adotando uma vida de
humildade, de pobreza voluntária e até de certa flagelação psíquica. São
lentos, todavia de grande perseverança, sendo firmes como uma pedra quando
querem algo. Assim, perdem a espontaneidade e a flexibilidade para se adaptarem
aos imprevistos do caminho, tornando-se rígidos e resistentes às mudanças.
Quando ofendidos, podem se tornar cruéis e impiedosos. São protegidos contra
qualquer tipo de magia.
Aspectos
positivos: os filhos de Omulu chegam a ser “esquisitos” com seu
temperamento controlado, saindo-se bem nos estudos e nas pesquisas, sobretudo
na medicina. São capazes de se anular para proporcionar bem-estar a terceiros,
fazendo disso sua maior motivação na vida. São amigos dedicados, exímios
curadores e altruístas, e têm uma sensibilidade mediúnica apurada, que pode
ajudar a entender as dores. Estão presentes em nossa vida, prestando-nos
auxílio quando sentimos dores, agonia, aflição e ansiedade.
Aspectos
negativos: esquisitice, vaidade exagerada, maldade, morbidez,
indolência e mau humor. São desconfiados e rígidos, depressivos, melancólicos e
ciumentos. Às vezes magoam, por insistir em só enxergar os defeitos alheios.
Saúde:
podem apresentar uma lentidão nas reações motoras e mentais, dificuldade na
fala, retenção de líquidos e doenças de pele diversas.
Conhecido
como médico dos pobres, com seu instrumento ritual, o xaxará (feixe ou maço de
palha-da-costa, enfeitado com búzios), retém a enfermidade e a leva de volta à
terra, oferecendo a cura em troca. Atua em locais de manifestação de doentes,
como hospitais. Seus falangeiros – exus – que atuam na sua vibratória não
permitem que espíritos vampirizadores se “alimentem” do duplo etéreo daqueles
que estão próximo ao desencarne. Auxiliam, também, os profissionais da saúde,
terapia holísticas e afins, bem como aliviam as cargas pesadas dos médiuns
adquiridas em seus trabalhos curativos de caridade.
Elemento:
terra.
Metal:
chumbo.
Signo
regente: escorpião (regência de Plutão) – libertação do
velho para que o novo se estabeleça.
Planeta:
Saturno influencia na saúde (pele, ossos, dentes e cabelos, e tudo o que
é limite do corpo físico), bem como na conscientização do resgate do carma
individual, trabalhando o perdão, para que nos libertemos dos impasses
pretéritos.
Ervas:
barba de pau, canela de velho, cedro e cedrinho.
Chacra: básico.
Cristal:
Turmalina preta e cianita preta.
Saudação:
Atoto Obaluayê! Silêncio para o grande Rei da Terra.
Textos retirados do livro de Norberto Peixoto: Iniciando na Umbanda.
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