A música religiosa - PARTE II
*trecho retirado do livro A música na Umbanda, de Sandro Mattos.
As palavras são formadas pela combinação das letras, criando um som próprio, portanto, como vimos anteriormente, vibram e geram energia. Devemos lembrar que antes de serem pronunciadas, as palavras foram, antecipadamente, criadas em nosso cérebro, gerando, obviamente, um pensamento. Este é plasmado na parte etérea dos seres (formas-pensamento), assim, quando várias pessoas estão voltadas ao mesmo foco, essa energia, também conhecida como egrégora, se forma no ambiente. Por essa razão, para que o som (ou, de uma forma mais complexa, a música) nos traga boas vibrações, precisa ser utilizado com critério.
Numa gira espiritual umbandista, em que as pessoas estão cantando para os caboclos de Oxóssi, por exemplo, observe que as letras nos dizem coisas a respeito das matas, das aves, da natureza, do ambiente natural desse Orixá, portanto do âmbito vibracional dessas entidades. O que acontece? Nosso pensamento acompanha o que estamos entoando, com isso formamos esse ambiente no local, ou seja, por intermédio das palavras, somadas ao nosso pensamento, conseguimos plasmar os elementos necessários para que os trabalhos sejam realizados.
Se não bastasse a força das palavras no que diz respeito à criação de todo um ambiente plasmado no local, ainda teremos a influência da música na vibração dos Orixás ou das Linhas dentro do terreiro. De acordo com Nelson C. Y. Cunha, para atingirmos uma melhor vibração harmônica, deveríamos entoar as cantigas na tonalidade própria para cada linha:
Oxalá – Mi maior.
Ogum – Fá maior.
Oxóssi – Ré maior.
Xangô – Sol maior.
Iemanjá – Si maior.
Yorimá (Pretos Velhos) – Lá maior.
Yori (crianças) – Dó maior.
Cremos que, baseados nessa explicação, algumas casas passaram a utilizar bases instrumentais que facilitam o encontro da tonalidade correta, cantando todos ou a maioria das músicas sagradas sem o acompanhamento único de tambores.
Woodrow Wilson da Matta e Silva indica que as frequências sonoras estão amplamente relacionadas à vibração de cada linha, o que pode ser muito bem observado inclusive nas letras e melodias apresentadas na maioria dos pontos a esses Orixás:
Oxalá – predispõe a paz e as coisas do espírito.
Ogum – vibrações fortes.
Oxóssi – harmonia da natureza.
Xangô – graves e baixos.
Iemanjá – suaves, renovando o emocional.
Yorimá – dolentes, às vezes melancólicos.
Yori – alegres, predispõem o bom ânimo.
Léon Denis descreve no livro O espiritismo na arte que: “O canto e a música, em sua íntima união, podem produzir a mais alta impressão. Quando ela é sustentada por nobres palavras, a harmonia musical pode elevar as almas às regiões celestes. É o que se realiza com a música religiosa, com o canto sacro”.
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