Os pré-requisitos para aplicar um ritual de iniciação
*trecho retirado do livro CARTILHA DO MÉDIUM UMBANDISTA, de Norberto Peixoto.
Os pré-requisitos que o dirigente umbandista precisa observar para aplicar um ritual de iniciação – em verdade, não iniciamos ninguém e cada um inicia a si mesmo – são os seguintes: bom caráter, paciência com os irmãos de corrente, sentimento de pertença à comunidade, bondade e amor incondicionais, comprometimento com a caridade, respeito, ser verdadeiro e não “mascarado”, dissimulando e omitindo seus reais interesses, ser justo e sincero. Nunca devemos apressar o ciclo mínimo de sete anos para despertar esses valores tão necessários e importantes para a formação de um verdadeiro médium “Filho de Pemba”.
Um dos maiores fatores que devem nortear um dirigente umbandista para o cumprimento da finalização de um ciclo de sete anos de iniciação na Umbanda, no caso específico do Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade, que tem forte ênfase na religiosidade com os Orixás, é a humildade, observada claramente em quem nasceu para servir e não para ser servido. O termômetro que revela esse fato é perceber no iniciando que em nenhum momento de sua trajetória o tempo necessário seja visto como um fardo, demonstrando e compreendendo que a paciência é o elo maior de sua maturidade espiritual, numa “imitação” perfeita dos ciclos da natureza, que nunca tem pressa, entendendo que nada acontece com um “abrir e fechar de olhos”.
É grande ilusão banalizarmos apressando os ciclos mínimos de tempo para a natureza psíquica mediúnica amadurecer, pagando para que iniciadores venais e antiéticos agilizem ritualmente o “nascimento” dos Orixás no iniciando mesmo sem ele ter condição, assim como uma muda de carvalho não se torna árvore frondosa em meros 365 dias. Impossível solidificar-se numa cabeça – Ori – meramente pelo ritual raso apressadamente aplicado, o que requer tempo para enraizamento espiritual profundo no ser, assim como os abacates verdes não caem dos galhos.
Nem todos que frequentam uma comunidade de terreiro na Umbanda estão ali para fazer parte do grupo de médiuns trabalhadores. A Umbanda é frequentada por uma ampla diversidade de consciências, é composta de diferentes indivíduos, com propósitos, ideais e objetivos diversos. O mais importante é o acolhimento fraternal: abraçar, valorizar, considerar, respeitar e tratar a todos igual e incondicionalmente, sem discriminar a procedência, se é visitante, consulente, adepto, assistente ou simpatizante.
Contudo, há que se diferenciar que, para ser um médium de Umbanda, aceito e iniciado numa corrente, numa egrégora, numa comunidade religiosa como trabalhador ativo, além de frequentar a assistência durante o tempo adequado para ser reconhecido pela cúpula espiritual do terreiro, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais, além, obviamente, de mediunidade ativa, de fato, no caso de médiuns que serão trabalhadores no aconselhamento espiritual durante as sessões práticas de caridade.
Comentários
Postar um comentário