O medo da mediunidade de ­incorporação.

*trecho retirado do livro CARTILHA DO MÉDIUM UMBANDISTA, de Norberto Peixoto.

O medo do transe ritual no terreiro é um dos maiores entraves para todo iniciante. A catarse que os estados alterados de consciência causam, a necessária entrega e a passividade psíquica exigida deverão ser conquistadas, escoimando-se os preconceitos que as seguem. O receio de perder o controle de si mesmo, aliado à demonização das religiões mediúnicas existente no inconsciente coletivo, deve ser esclarecido e confrontado objetivamente, pois, no imaginário popular, significa que a manifestação mediúnica é uma coisa “ruim”, acompanhada de uma espécie de “apagão” – anestesia geral –, bloqueando os sentidos (audição, visão, tato, olfato e paladar).



Há que esclarecer abertamente, sem deixar dúvidas: a perda da consciência não mais ocorre. Existe, sim, uma alteração psicomotora, cognitiva e mental, com os sentidos psíquicos alterados, mas ainda conscientes, de que os espíritos benfeitores se utilizam para o ­“perfeito” transe ou manifestação. Obviamente, o fato de o espírito do Além não mais “tomar” completamente o mental do médium e, a partir daí, tudo não mais fazer sentido abre um novo campo, vastíssimo, de educação do sensitivo, objetivando seu melhoramento íntimo e mais afetividade dos trabalhos práticos do mediunismo de ­Umbanda, preponderantemente o de aconselhamento espiritual aos consulentes que batem às portas dos terreiros. O medo ativa o psiquismo negativamente, interferindo na integração mediúnica com a entidade e bloqueando o movimento do corpo físico, indispensável ao jeito ­peculiar umbandista de os espíritos se comunicarem.

O ambiente do terreiro, ritualizado com método e disciplina, oferece a segurança necessária para que, com o tempo devido de prática, o médium perca totalmente o medo e “entregue” passivamente a direção de seu psiquismo aos Guias Astrais. A manifestação deve ser vista com naturalidade, e seu processo técnico é de sensibilidade preexistente, de antes da reencarnação, quando teve seus chacras perispirituais sensibilizados para a ocorrência desse tipo de fenômeno, o que exige sintonia e confiança do medianeiro, havendo “infinitas” variações de uma pessoa a outra.

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