O médium iniciante na Umbanda - Parte I

*trecho retirado do livro CARTILHA DO MÉDIUM UMBANDISTA, de Norberto Peixoto.

A Umbanda não é uma religião de conversão, que busca cooptar adeptos para sua doutrina. É impossível encontrarmos uma genuína entidade que faça parte do movimento umbandista no Plano Astral dizer que esta ou aquela religião é a mais verdadeira, muito menos­ ­exigir que se deva entrar numa determinada confissão religiosa, culto, igreja, doutrina ou seita. O caráter respeitoso se encontra em todos os terreiros e podemos verificar isso na assistência à diversidade e à ­mistura, com todos juntos, sentados lado a lado, democraticamente. A premissa de abordagem religiosa umbandista parte do pressuposto de aceitação incondicional da fé do consulente, daí direcionando-o à compreensão das leis cósmicas, que valem para todas as religiões da Terra.
O trânsito inter-religioso no universo dos terreiros é intenso. Muitos saberes circulam desde a assistência, a parte de fora, até os médiuns incorporados com seus guias, a parte de dentro, e destes que pedem ajuda para outras comunidades, num saudável ­encontro ­ecumênico, convergente e universalista. Neste ir e vir, alguns vão ficando, tornando-se assíduos na frequência, escutando palestra, ­ouvindo os aconselhamentos, recebendo os passes magnéticos.



Há uma parcela que recebe um chamamento de seu interior, seja por uma forte emoção de sentir no âmago de suas almas “aqui é o meu lugar”, seja por serem médiuns e virem irromper abruptamente os canais de comunicação com o mundo dos espíritos. Esse é o público eletivo que se fixa nos terreiros, uma minoria, se comparado à multidão que só busca a Umbanda em seus momentos de ­sofrimento, para apaziguar seus psiquismos, cicatrizar chagas e nunca mais aparecer, ou, ao menos, até uma próxima oportunidade de auxílio, podendo continuar em suas igrejas, centros espíritas ou filosofias de livre escolha, sejam elas quais forem, não importando à ­Umbanda suas ­procedências, mas o melhoramento que cada um vai galgar.

De maneira geral, cada terreiro tem suas normativas, mas podemos afirmar que há médiuns não “educados” que frequentam suas assistências, variando o tempo de um terreiro a outro, até que chega o momento em que uma das entidades manifestadas durante o aconselhamento espiritual orienta o neófito quanto à necessidade de ele fazer parte da corrente para “desenvolver” sua mediunidade. Nessas ocasiões, segue-se um esclarecimento mais detalhado das responsabilidades que o “futuro” médium aceitou assumir antes de reencarnar. Nada é um acaso, e os espíritos comprometidos com seus médiuns aguardam pacientemente que eles se firmem, que parem de bater cabeça aqui ou acolá, rolando como pedras montanha abaixo.

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