As ervas e as folhas na Umbanda.
*trecho retirado do livro CARTILHA DO MÉDIUM UMBANDISTA, de Norberto Peixoto.
As ervas e as folhas na Umbanda são indispensáveis. Se, na Umbanda, nada se faz sem exu, sem folha não há Orixá. É de suma importância a utilização do axé verde – prana vegetal – nos rituais umbandistas e não existe um terreiro que o dispense.
Mas, afinal, o que fazem as folhas?
O que faz o fluido vital das plantas, notadamente os contidos nas folhas, que são objeto de maior uso litúrgico nos terreiros, ser dinamizado numa espécie de expansão energética (explosão) e, a partir daí, adquirir um direcionamento, cumprindo uma ação esperada, são as palavras de encantamento, o verbo atuante associado à força mental e à vontade do médium sacerdote oficiante do rito, perfazendo, assim, uma encantação pronunciada.
Necessariamente, o princípio ativo fármaco da folha não será o mesmo da intenção magística que realizou o encantamento, em seu correspondente corpo etéreo. Existem associações de mais de uma planta que acabam tendo efeito sinérgico, por sua vez, diferente do uso individual das folhas que compõem o “emplastro”, banho ou batimento. A ligação magística é feita de elos verbais cantados, a ação terapêutica medicinal associada à ação energética magística esperada, a combinação fluídica vibracional realizada na junção dos duplos etéreos das folhas e adequadamente potencializada pela ação dos guias astrais da Umbanda, havendo, por fim, uma ação coletiva do sacerdote oficiante do rito, dos médiuns cantando e dos espíritos mentores.
Quanto aos batimentos, as ervas também são usadas na forma de ramas e galhos que são “batidos” nos consulentes, com o objetivo de desprender as cargas negativas e as larvas astrais que possam estar aderidas a estes. Quando feito pelos médiuns incorporados, geralmente com os caboclos (mas pode acontecer com outras linhas de trabalho, em conformidade com a característica ritual de cada terreiro), o movimento em cruz na frente, nas costas, no lado direito e no lado esquerdo, associado aos cânticos, aos silvos e assobios através da magia do sopro e do som, que criam verdadeiros mantras etéreo-astrais, que são poderosos desagregadores de fluidos, consagram-se potentes campos de forças curadores.
As folhas, depois de usadas, devem ser partidas e despachadas em algum lugar de vibração da natureza virginal, de preferência diretamente no solo, sem acendermos velas, dispensando-se a necessidade de quaisquer elementos poluidores. No impedimento de assim se proceder, coisa comum nos centros urbanos onde se localiza a maioria dos templos de Umbanda, simplesmente se deve recolher adequadamente para posterior coleta pública de lixo.
A dinamização do duplo etéreo das folhas tem uma íntima ligação com a palavra falada, que, através do impulso da vibração do espírito “acoplado” no médium no transe mediúnico, consegue força suficiente para a alteração da coesão das moléculas das plantas. A partir daí, elas adquirem plasticidade ou capacidade de moldagem etérica adequada. Os Guias Astrais movimentam-nas em novas associações e composições sinérgicas com vários tipos de ectoplasma, utilizando-se, inclusive, dos elementais da natureza, advindo especificidades e indicações ainda desconhecidas dos homens materialistas. Obviamente, dentro da necessidade e da fisiologia oculta de cada atendido, na medida certa e adequada a um processo de diagnose que somente os técnicos do lado de lá, velhos xamãs e quimbandeiros – feiticeiros curadores –, podem realizar.
Comentários
Postar um comentário